Já adianto que esse post não é nenhum guia de viagem ou um roteiro clássico pelas cidades italianas. Trata-se, principalmente, da realização de um antigo sonho: explorar os mágicos cantinhos da terra da pizza e, contando com alguma sorte, me aventurar nas ilhas da Sicília e Sardenha. No mundo ideal eu teria feito essa viagem em trinta ou mais dias, com tempo o suficiente para assimilar bem cada região. Infelizmente, a grana não me permitiu cair na estrada por muito mais tempo do que duas semanas. Mas tudo certo, trabalhamos com o que é possível ser feito.
No entanto, confesso que o desânimo bateu em todas as pré-pesquisas sobre roteiros na Itália ao me deparar com blogs repletos de posts do tipo: “Como aproveitar a Sardenha em 15 dias”, “Roteiro de 5 dias em Florença”, “Vivencie a real Toscana por 10 dias”. E pra mim que seria no máximo um dia em cada cidade veio a dúvida e a insegurança: dezoito dias seriam suficientes para percorrer o país de norte a sul e mais as duas ilhas? Por mais que seja consenso que o ideal é fazer em mais tempo, a equação do estilo de viagem “batidão” somado ao orçamento reduzido (mas me permitindo algumas pequenas “regalias”), avaliei : sim, é possível.
A Itália é fascinante de norte a sul, leste a oeste, de cabo a rabo por incontáveis motivos. Seja pela tríade sócio-cultural-histórico, por ter inspirado tantos gênios, pelas comidas típicas, pelas paisagens que até Deus duvida ou pelo simples motivo peculiar de ter o formato de uma bota. Atribui-se ainda o fato de ter sido o “centro” do mundo na época do Império Romano, deixando todo um legado de contribuição para as artes, arquitetura, engenharia, direito e ainda ter “sediado” o Renascimento. Seja lá o que for, cada um tem seu próprio motivo pra amar a Itália. Não é pra menos que o país respira cultura e um dos motivos que a maioria dos roteiros envolvem idas a museus, galerias e exposições. Aí aquela minha equação inicial em que se levou em consideração o fator “orçamento reduzido” determinou algumas prioridades. Portanto, das minhas escolhas que envolviam tickets de entrada sobressaíram-se: Capela Sistina, Museu do Vaticano, Coliseu e Fórum Romano.
Como defini meu roteiro?
Definir roteiros me causa um certo desconforto. Ao ressaltar o que deve ser visitado exclui tantas outras possibilidades que também poderiam ser igualmente ou mais interessantes do que as que foram escolhidas. Mas até aí é o meu lado libriana entrando em ação. Por estar viajando com uma amiga entramos em um consenso de quais cidades visitar. Levando em consideração alguns aspectos relevantes e o ritmo acelerado da viagem, da lista inicial afunilamos de acordo com a nossa realidade até chegar ao número de 15 cidades e 12 praias. No entanto, deixando em aberto a possibilidade de permanecer mais tempo em um algum lugar se houvesse interesse e menos em outro. Por esse motivo, partimos de Dublin só com a primeira acomodação reservada. Foi dia após dia decidindo onde dormir e bookando a acomodação do dia seguinte. Nesse quesito, era uma mistura de adrenalina e estresse por não saber ao certo onde estaríamos e se eu conseguiríamos achar algum lugar bacana por um preço acessível e boa localização. Foram procuras em todos os aplicativos de hostels, b&b, airbnb, hoteis, campings e ainda assim não escapamos de algumas pernoites no carro. Essa tarefa é mais estressante em alta temporada. A demanda ainda é grande no final de agosto e início de setembro no entanto é mais tranquilo do que meados do verão.
Por questões de curiosidade meu roteiro fechou em:
- Veneza
- Pádua
- Verona
- Milão
- Pisa
- Livorno
- Florença
- Siena
- Roma
- Costa Amalfitana
- Tropea
- Messina
- Palermo
- La Madalena
- Costa Esmeralda
- Alghero
Por que comecei pelo norte?
Pelo preço da passagem aérea. Simples assim. Pechinchei passagens para Veneza, Milão, Verona, Nápoles, Salerno, Alguero, Cagliari. Compensou mais iniciar a jornada na parte de cima, em Veneza. Mas mesmo sem contar o fator conta bancária, eu sempre achei mais atraente começar pelo norte e ir percorrendo toda a “bota” até o “salto”, na região da Calábria. Sei lá, me parece uma ordem natural. É lógico que a ideia de terminar a viagem com praia também é um quesito considerável. Os primeiros são sempre mais puxados para dar conta de fazer o dia render ao máximo e cumprir todo roteiro. Enquanto o final da viagem já foi um ritmo mais desacelerado, em que foi possível fazer um “estoque” de vitamina D antes de retornar ao frio de Dublin.
Quanto gastei?
Cinquenta euros foi meu orçamento diário máximo, levando em conta que muitas vezes um dia compensa o outro. É normal em uns dias gastar mais e contrabalancear com os que se gasta menos. O que está incluso nessa quantia: acomodação, comida, pedágio, gasolina, ticket para as atrações turísticas citadas anteriormente e algumas lembranças como cartão postal e imãs de geladeira. O que não está incluso: aluguel do carro e passagens aéreas. De qualquer forma, acredito que é possível viajar bem mais barato, tentando alternativas mais em conta principalmente para acomodações (o que é o maior gasto durante a trip).
Alugar carro na Itália compensa?
A resposta é: depende. Sou super a favor dos transportes públicos quando em viagens. Acredito que seja o melhor meio de conhecer bem uma região. No entanto, se você planeja uma viagem mais prolongada, mas em um ritmo acelerado, o carro é a melhor pedida. Nesse caso, a reserva de carro na Itália tem um valor razoável (inicialmente custou cerca de 190 euros para treze dias com cobertura total). O valor do diesel também compensa (1,50), no entanto alguns trechos são cheios de pedágios, principalmente na região norte. Os pedágios são calculados por trechos percorridos e caso você disponha de mais tempo durante a viagem, a dica é usar o aplicativo Waze para fugir das autoestradas. Todavia, há certos trechos que a distância para fugir da cobrança não compensa por gastar mais combustível. O percurso mais longo custou cerca de 25 euros.
O carro é bom, cômodo, econômico, mas muitas vezes não é prático. Em regiões mais turísticas achar uma vaga para estacionar é como achar um oásis no deserto: improvável de acontecer. Até porque muitas das vagas disponíveis são permitidas apenas para residentes. Então, a dica também é deixar o carro mais afastado, mas principalmente certificar-se de que a vaga é apropriada para turistas para não ter aquela desagradável surpresa depois da viagem. Por incrível que pareça, a cidade mais em conta para estacionar foi Roma em que nove horas de estacionamento custou apenas um único eurico.
Lembrando que para alugar carro na Itália é preciso ter cartão de crédito no nome do motorista e somente a carteira nacional de habilitação é o suficiente. Não é necessário ter a Permissão Internacional para Dirigir (PID) e apresentar somente a PID não é permitido pelas locadoras. Outra dica que parece boba e às vezes passa batido no momento da empolgação é certificar-se das condições do automóvel, reparar se tem algum arranhão ou marca, tirar fotos e comunicar ao funcionário da locadora qualquer irregularidade.
Contratempos da viagem
Por mais que a gente tente planejar cada detalhezinho, sempre tem uma coisa ou outra que sai dos trilhos. Então é sempre bom ter o plano A, B, C, D e quantos mais for necessário para uma viagem com mais segurança. E se eu tenho uma certeza, principalmente sobre viagens, é: algo não sairá como planejado. Como tudo na vida, as vezes o roteiro precisa ser alterado e a gente precisa improvisar. Por outro lado, tem vezes que é mais válido deixar os planos no lugar deles: no papel. E se aventurar pelas ruas de qualquer cidade sem trajetos nem horários pré-definidos.
Adorei! Continue nos agraciando com essa riqueza de conteúdo. Desejo muitos destinos pela frente. Obrigada por compartilhar