A história se resume da mesma maneira como fui morar em Dublin há mais de quatro anos: eu não escolhi Lisboa, Lisboa me escolheu. Após esse longo período na capital irlandesa (2016-2020) precisei recalcular a rota. Meu visto já estava por vencer e para continuar por lá eu teria que desembolsar uma grana alta. Além disso, a vida já estava “parada” há algum tempo, ou seja, eu tinha chegado mais uma vez na famosa zona de conforto.
Mas, por falar em Dublin, sou muito grata pelas quatro temporadas dessa minha série pessoal que vivi na Ilha Esmeralda. Os episódios englobaram aventura, introspeção, redescobertas e o ponto de partida para longa jornada de autoconhecimento. A Irlanda me proporcionou muito mais do que intercâmbio, me impulsionou a dar passos quânticos no desenvolvimento pessoal.
Lisboa já me recebeu no meio dessa jornada, mesmo que aos trancos e barrancos. Digo isso porque esse caminho do despertar é cheio de altos e baixos. É uma tentativa diária de se equilibrar na corda bamba até que o percurso te dê base sólida o suficiente para passos mais firmes e assertivos.
Desafios na área profissional
Os quatro anos na Irlanda foram essenciais para esse olhar interno, mas por outro lado deixei de lado alguns projetos na área profissional. Formada em jornalismo sem ter vivenciado de fato a profissão por vários motivos (e por ter ido fazer intercâmbio), senti a necessidade de retomar.
Aí que Lisboa entra em cena, representando essa retomada e me colocando de novo no caminho ao qual me distanciei, mas me apresentando novas possibilidades. Aliás, algo que logo descobri ao chegar aqui: Lisboa te surpreende com as inúmeras possibilidades que ela oferece. Para alguém que tem a lua em libra pode ser um problema por não saber ao certo qual lado escolher e querer fazer tudo. rs
Atrativos e facilidades
E por que escolhi Lisboa e não Barcelona ou Oslo, por exemplo? Por conta das facilidades que brasileiros tem aqui em Portugal. É preciso levar em consideração essas facilidades para quem não possui cidadania europeia. Inclusive, esse é outro atrativo de Portugal: podemos conquistar a tão sonhada cidadania após cinco anos morando legalmente aqui.
Outro motivo de peso quando se pensa em Portugal é o clima. Morar em um país que tem sol a maior parte do ano e praias de fácil acesso faz toda diferença, ainda mais na vida dos brasileiros. Mesmo que muitos de nós prefiram o frio, é inegável que o sol traz qualidade de vida, vitalidade e energia. E um clima mais ensolarado parecido com o nosso, mas na Europa não é tão fácil.
Existem outros fatores como custo de vida, diversidade cultural e idioma nesse pacote de vantagens, mas o que mais me impressionou desde quando cá cheguei de mala e cuia foi a sensação de estar em casa. Me trouxe muito o ar carioca de volta, o qual, confesso, estar com muitas saudades. Insisto em ver um Rio de Janeiro em Lisboa e isso tem sido um afago na alma dessa falsa carioca da região serrana de Petrópolis. Por isso, quando me perguntam: por quanto tempo pretende permanecer em Lisboa? A minha resposta perpassa por “quem sabe um ano, quem sabe cinco anos ou quem sabe a vida inteira?”